segunda-feira, 15 de julho de 2013

Obesidade Infantil

A obesidade infantil segundo a Organização Mundial da Saúde é um dos problemas de saúde pública mais grave neste século. O número de crianças obesas pode atingir de 25 a 30% das crianças na pré-puberdade (fase entre o final da infância e inicio da adolescência) e 18 a 25% na adolescência. A obesidade infantil se tornou maior desafio de saúde pública do Brasil, pois crianças obesas tendem a desenvolver vários problemas de saúde como, doenças cardíacas, diabetes, hipertensão e má formação óssea.

A obesidade pode ser definida como:
  • Primária pode ser classificada de acordo com o número e tamanho dos adipócitos hiperplasia (aumento no número de células) e hipertrofia (aumento no tamanho de células), respectivamente. A obesidade na infância é, fundamentalmente, hiperplásica e a do adulto é hipertrófica. O número e o tamanho de adipócitos são de fundamental importância no prognóstico da obesidade, já que a do tipo hiperplásico é considerada como de mais difícil controle, principalmente se estiver associada à hipertrofia.
  • Exógena ou nutricional secundária do balanço positivo de energia entre a ingestão e o gasto calórico.

Fatores que causam a obesidade infantil:

  • Fatores genéticos

Influenciam diretamente nas características do desenvolvimento do tecido adiposo. Quando um dos pais é obeso, o risco de o filho ser gordo é de 40%. Se o pai e a mãe forem obesos, o índice sobe para 80%. O acúmulo de gordura ocorre mais precocemente principalmente se os hábitos de consumo da família mudaram para pior.
O desenvolvimento de uma criança inicia na 30ª semana de vida intra-uterina e se prolonga durante os primeiros anos de vida. Se a mãe engorda muito durante a gestação, favorece o desenvolvimento de tecido adiposo no feto. É nesse período que será extremamente crítico a multiplicação celular frente ao excesso de peso, quanto mais cedo o início dessa multiplicação maior será o número de adipócitos, podendo chegar a um número semelhante a de um adulto. A redução de peso nessas crianças se associa a uma diminuição no tamanho, mas não no número de células.
Cada um de nós tem características carregadas pelos genes. As condições de vida dentro do útero da mãe podem alterar as ordens ditadas pelos genes. O útero de uma mãe obesa ou de uma mulher magra que engorda excessivamente durante a gestação (30 Kg ou mais) terá altos níveis de substâncias como glicose, insulina e leptina (o hormônio que regula o apetite). Elas podem alterar no feto a resposta da região cerebral responsável pelo comando da fome e da saciedade. Também podem aumentar a formação de células de gordura no bebê e ao longo da vida ela terá facilidade para ganhar e acumular peso.
O mesmo pode acontecer num útero pobre em nutrientes. Se a mulher for magra demais e não engordar o suficiente durante a gestação, a criança pode nascer programada para estocar o máximo de energia, isso será uma resposta do organismo a privação.
  • Estilo de vida

Durante a amamentação, a ação do ambiente continua, bebês precisam ser amamentados durante pelo menos 6 meses. A privação do aleitamento, muitas vezes associadas à suplementação com farinhas e outros produtos inadequados, estimula o corpo a poupar. Quando a fartura alimentar chegar, a criança estará programada para estocar energia e ganhar peso com facilidade.
As regras impostas pelos genes podem ser modificadas com a mudança ambientais e de comportamento.
A obesidade é construída dentro de casa. A maioria das pessoas engorda pela simples combinação de sedentarismo e erros alimentares. Se o corpo recebe mais energia do que consegue gastar, ela será estocada na forma de gordura.
O hábito alimentar da criança e da família e o tipo de alimentação instituído no primeiro ano de vida. A quantidade como a qualidade dos alimentos disponíveis durante os primeiros meses de vida são fatores importantes para o surgimento da obesidade, quanto o desmame precoce (antes do seis meses de vida).
O hábito alimentar e o grau de atividade física desempenham ambos um importante papel na saúde e peso da criança. Hoje tudo se tornou acessível, antes as crianças brincavam soltas pelos quintais, gastava com facilidade o que fornecia nas refeições, hoje a crescente popularidade da televisão, computadores e outros aparelhos tecnológicos de interação contribuem para a inatividade física e sedentarismo.
Em grande parte das famílias, as guloseimas e o fast -food, substituíram o almoço e o jantar, levando o consumo de gorduras e carboidratos simples.

  • Fator psicológico

Desde cedo à criança desenvolve uma relação emocional com os alimentos. Os pais erram ao usar a comida para demonstrar afeto.
A falta de afeto também engorda. As crianças podem crescer inseguras e frustradas. O estresse crônico provocado por esses sentimentos desregula o sistema fisiológico responsável pelo gasto calórico. O resultado pode ser o ganho de peso. Em outros casos, a comida funciona como um grande colo para as pessoas que têm dificuldade de lidar com frustrações.
De acordo com alguns especialistas o obeso não pensa no que o corpo precisa, ele quer satisfazer um desejo, não a fome esse comportamento pode ser modificado.

Alguns procedimentos básicos para o controle da obesidade infantil:

  • Estabelecimento de metas a serem seguidas de forma participativa com a criança e a família. O sucesso não esta vinculado somente a perda de peso, mas sim as modificações de hábitos de vida e à prevenção de complicações clínicas e metabólicas.
  • Estimule a atividade física agradável como brincadeiras tipo pique- esconde, cabra-cega, elástico, soltar pipa, amarelinha, pular corda, bola, andar de bicicleta, correr, caminhar até a escola (se for possível), subir e descer escadas, natação ou qualquer tipo de exercícios.
  • Reduzir horas e não comer na frente de televisão.
  • Diminuir o consumo de alimentos ricos em lipídeos e altamente calóricos.
  • Oferecimento de opções de lanches salgados e doces saudáveis e elaboração de refeições bonitas, atraentes, saborosas, porém com menor teor calórico, principalmente lipídeos.
  • Pais se querem que seus filhos comam de forma saudável, dê o exemplo.
  • Não encha a casa de guloseimas.
  • Inclua alimentos novos e saudáveis na rotina familiar.
  • Varie a forma de preparo dos alimentos.
  • Apresente aos seus filhos as verduras, os legumes e as frutas.
  • Se os filhos ficam sozinhos em casa, deixe os pratos já prontos para que eles possam somente esquentar no microondas.
  • Não leve guloseima para o filho quando sentir culpa por passar muito tempo longe deles. Troque o doce por carinhos e atenção.
  • Evite ser rigoroso ou permissivo demais. Ser razoável fortalece as relações afetivas e ajuda a família a se manter saudável.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) crianças obesas se tornam adultos obesos.

Atenção!!!


Fontes: Livro Nutrição em obstetrícia e pediatria; 3ª reimpressão de Accioly, Saunders e Lacerda.Revista Época; edição 6 de maio 2013.

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