sexta-feira, 9 de novembro de 2012

FIBRAS ALIMENTARES (Alimentos Funcionais parte 2)


As fibras alimentares podem ser definidas tanto pela sua função fisiológica como pela sua composição química. Quando ingeridos, não sofrem hidrólise (reações químicas de quebra de uma molécula devido à água), digestão e absorção no intestino delgado de humanos, é constituída de polissacarídeos (moléculas que estiveram com vários carboidratos ligados) e substâncias associadas. Sua fermentação ocorre no cólon* pelas bactérias anaeróbicas.
A fibra alimentar pertence ao grupo dos carboidratos, porém não são digeridos pelas enzimas do sistema digestivo humano e não possuem calorias. A fibra alimentar promove os efeitos fisiológicos benéficos, como laxação, diminuição do colesterol sanguíneo e da glicose sanguínea.
O alvo de ação é o trato gastrointestinal um dos papeis primários da fibra alimentar é servir de substrato para a microbiota normalmente presente no intestino grosso e, além disso, modular a velocidade de digestão e absorção dos nutrientes, bem como promover uma laxação normal. A fibra alimentar possui esses efeitos diferentes no intestino, pois ela não pode ser hidrolisada no intestino delgado.
A fibra alimentar reduz o risco de doenças cardiovasculares, de certos tipos de câncer e diabetes mellitus tipo 2.
Os componentes da Fibra estão, em geral, presentes em dietas consumidas diariamente pelas populações e são encontradas em vegetais, frutos e grãos integrais.

Tipos de fibras
Fontes usuais
Celulose
Frutas com cascas, farinha de trigo, farelos, sementes.
Betaglicanos
Grãos (aveia, cevada e centeio)
Hemicelulose
Grãos de cereais, farelo de trigo, soja e centeio.
Pectinas
Frutas (maçã, limão, laranjas, pomelo), vegetais, legumes e batata.
Frutanos
Alcachofra, cevada, centeio, raiz de almeirão, cebola, banana, alho, aspargo, yacon
Amido resistente
Bananas verdes, batata (cozida/ resfriada), produtos de amido processado.
Quitina
Fungos, leveduras, exoesqueleto de camarão, lagosta e caranguejo.
Rafinose, estaquiose e verbascose
Cereais, legumes e tubérculos.
Lignina
Grão integral, ervilha, aspargos.

As fibras alimentares podem ser classificadas conforme sua solubilidade no sistema gastrointestinal em solúvel ou insolúvel.
Dentro da classificação de fibras insolúveis estão classificadas a lignina, a celulose e a hemicelulose insolúvel. Aumentam o bolo fecal, aceleram o tempo de trânsito intestinal pela absorção de água, melhorando a constipação intestinal, anulando o risco de aparecimento de hemorrodias e diverticulites (inflamação da parede do intestino).  
Para as fibras solúveis estão às pectinas, gomas, hemicelulose solúvel, mucilagens, os betaglicanos, as gomas e os frutanos (inulina e fruto- oligossacarídios). Iram exercer importantes efeitos metabólicos, pois auxiliam na manutenção da glicemia e da insulinemia*, além de aumentar a excreção fecal de ácidos biliares e consequentemente, reduzir os níveis séricos de colesterol total e de LDL colesterol*.
As fibras mais viscosas (betaglicanas e gomas) retardam o esvaziamento gástrico, e a captação de açucares, aminoácidos e medicamentos, aumentam a sensação de saciedade e estão implicadas na maior excreção de ácidos biliares no intestino delgado, pela eliminação dos mesmos através das fezes.
Acredita que as fibras solúveis, ao se ligarem aos ácidos biliares no intestino, inibam sua reabsorção e aumentam sua perda fecal, com consequente aumento a sua síntese pelo fígado (ácido cólico e quenodesoxicólico). O aumento da excreção de ácidos biliares provoca um aumento na conversão de colesterol do sangue para esses ácidos.
As fibras alimentares também proporcionam a formação de bolo fecal com maior umidade e peso, facilitando assim, a eliminação fecal regular, diminuindo o tempo de permanência das fezes no cólon, atuando como mecanismo protetor contra doenças do tubo digestivo, como apendicite, doenças diverticular do cólon, e câncer do cólon, além de ser um importante agente de controle do Índice Glicêmico de uma refeição.
Certas fontes de polissacarídeos viscosos parecem prolongar ou aumentar a resposta da colecistoquinina (CCK) durante uma refeição. O aumento à resposta da CCK tem sido associado a um melhor controle glicêmico em pacientes diabéticos não dependentes de insulina.
A fibra alimentar é responsável pela melhora das funções do intestino grosso por meio da redução do tempo de trânsito, pelo aumento de peso e da frequência das fezes, pela diluição do conteúdo do intestino grosso, pelo fornecimento de substratos fermentável à microbiota, normalmente, presente no intestino grosso.

  • Próbioticos são suplementos alimentares a base de microrganismo vivos, o qual irá aumentar o numero ou estimulam a ação das bactérias benéficas (bifidobactérias a lactobacilos).

  • Prébioticos ingredientes alimentares não digeridos no intestino delgado que ao atingir o intestino grosso, são metabolizados seletivamente por um número ilimitado de bactérias denominadas benéficas. Estas são assim chamadas por alterarem a microbiota do cólon gerando uma microbiota bacteriana saudável, capaz de induzir efeitos fisiológicos importantes. Elas podem inibir a proliferação de microrganismos patógenos dando a oportunidade aos benéficos de se multiplicarem.



O consumo de fibras deverá ser balanceada pois o excesso de ingestão pode interferir na absorção de zinco e cálcio.

 












*cólon é uma porção do intestino grosso.
* insulinemia é a taxa do hormônio insulina na corrente sanguínea.
*LDL colesterol é o colesterol ruim.


Fonte: Livro Nutrição Clínica no Adulto; 2ª Edição de Lilian Cuppari

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